Numa sociedade tribal a pintura corporal e a ornamentação são formas efêmeras de arte, que têm grande importância nos momentos cerimoniais, utilizadas como formas de enfeitar-se ou na construção de uma armadura psicológica, fazendo o seu portador representar seus anseios e angústias, espelhando seu grau de socialização, ou seja, sua integração na sociedade em que está inserida. Como muito bem lembram Castilho e Martins no livro "Discursos da Moda: semiótica, design e corpo (2005)",
“O que define a priori a espécie humana é que em todo o nosso processo histórico, somos movidos a estruturar e a propagar linguagens que possibilitam e potencializam nossa comunicação. Uma das principais características da comunicação humana é a de dotar nosso corpo de significação e, conseqüentemente, de linguagens que são potencializadas por meio de interferências, (...) ressemantizando-o ou, em outras
palavras, dando novos valores a ele.”
Lux Vidal seguindo afirma que os ornamentos corporais são considerados “como material visual que exprime a concepção tribal da pessoa humana, a categorização social e material e outras mensagens referentes à ordem cósmica, ou seja, são manifestações simbólicas e estéticas centrais para a compreensão da vida em sociedade".
Caminhando por uma análise da "sociedade-líquida" de Baumann, podemos interpretar o uso desses adereços modernos como uma forma de resposta a esse mundo das relações efêmeras e egoístas. Ao se tatuar, a pessoa cria laços duradouros entre seus semelhantes e marca em seu corpo uma mensagem definitiva... um grito de "Ainda estou vivo, ainda pertenço a esse mundo".
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