
Na primeira metade do século XX, os teóricos de Frankfurt foram os primeiros a estudar a questão da mercantilização da cultura (um dos embriões da globalização) promovida pelos Estados Unidos, através do entretenimento. Cinema, rádio, música, TV, moda e alimentação foram as primeiras munições utilizadas por essa nação que dominou culturalmente o lado ocidental do globo nesse século. Para os estudiosos alemães, a missão da cultura de levar o esclarecimento acabava sendo corrompida, e levando a uma diminuição da consciência crítica dos seres humanos, agora entregues a lazeres marcados pela excitação dos sentidos e não pelo estímulo à razão.
Voltando aos dados, a pesquisa do IBGE mostrou que o brasileiro gasta com "produtos e serviços culturais" 8% do orçamento familiar. É um quarto lugar louvável, que fica atrás apenas dos gastos com habitação, alimentação e transporte. O gasto com cultura fica à frente de gastos com vestuário e educação, por exemplo. Ao tentar mensurar na ponta do lápis esses gastos culturais, o governo brasileiro reafirma a figura da indústria cultural e a coloca como um dado estatístico dentro da política econômica.
Algumas perguntas surgem ao pensarmos nesta pesquisa do IBGE: A questão cultural não envolveria o modo como vivemos, onde moramos, como nos alimentamos, nos locomovemos, nos vestimos e como nos relacionamos com outras pessoas? O próprio hábito de consumo não poderia ser estudado através de um olhar mais antropológico?
Sendo assim, o que de real essa pesquisa tenta nos informar?
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