Olá para todos… Essa semana iniciou linda e gelada em Curitiba e logo vai começar a esfriar de vez! Por isso, vamos falar de uma coisa que esquenta nosso dia-a-dia e que historicamente está ligado a mudanças culturais no Ocidente: TECIDOS e meios de produção. Recentemente, eu conheci através do Facebook uma proposta muito legal e que fiquei fascinada: www.panolatras.com.br
Achei muito interessante a proposta do trabalho. Mostra mudanças a respeito do consumo e da produção. Há alguns anos ter sua própria estampa era algo totalmente inviável a não ser que se tivesse uma marca bem estabilizada no mercado e com grande saída de produtos. Ter sua estampa exclusiva era um luxo para poucos, mas... bem poucos, mesmo! E hoje, através de propostas assim como do Panólotras é possível ver sua ilustração impressa num tecido. Ainda é caro para alguns segmentos do mundo da moda e para pequenos ateliês, mas já é uma nova alternativa a um modelo de indústria que foi dominante e hegemônico por muitos anos. E quanto mais se popularizar esse modelo de serviços mais baratos e diversificados serão os produtos. Com uma pesquisa rápida sobre esse tipo de serviço achei um nome para ele: CROWDFUNDING, ou seja, um financiamento colaborativo de projetos, no qual visa a captação de recursos pela Internet. Esse modelo de negócio já ganhou muita força no mundo virtual. Além de projetos comerciais, podem ser usados para causas humanitárias. Esse é o exemplo do www.lets.bt.
O mais legal desse modelo de serviço é que algo que era só um projeto pode ser realizado se outras pessoas acreditarem no seu projeto também. A questão é: podemos mudar o mundo, basta a gente somar!
Tenho visto pelo mundo das redes sociais uma notícia que me parece ser falsa, no entanto é boa para se pensar: "Mark Zuckerberg está decepcionado pela forma como os brasileiros usam o Facebook". Na "notícia" dizia-se que ele tinha a idéia de atualizar a plataforma para que fosse permitido o uso de GIFs animados, mas que voltou atrás em sua decisão para evitar que o Facebook não seja mais "orkutizado". Porém não vai restringir a participação dos brasileiros na rede social.
Realmente a notícia me parece ser falsa justamente nesse ponto - ele não quer perder a oportunidade de coletar tanta informação brazuca que entra para seus bancos da dados. Somos um grande mercado diga-se de passagem :-)
Bom, o que assunto trouxe de legal para nosso blog é a possibilidade nos propor a fazer um exercício de entender como os brasileiros pensam e usam a rede social. O interessante, é que a partir do uso que se faz delas conseguimos traçar
e identificar regras que organizam a configuração social de grupos a partir dos interesses e assuntos que são mobilizados.
No Brasil o Facebook é utilizado para aproximar, familiarizar e "pessoalizar" as relações entre pessoas. Já fora do Brasil parece que as pessoas usam com mais reservas (não tenho tanta informação assim)... Mas gente, isso é ser brasileiro!
Se essa notícia for verdadeira, eu sugiro ao Mark Zuckerberg contratar antropólogos para que eles lhe ajudem a entender como os brasileiros pensam. Além disso, somos capazes de extrair insights das pesquisas que podem gerar inovações para deixar seu brinquedinho mais legal, pois as pessoas fazem uso de equipamentos e serviços de acordo com o contexto que está inserido.
Imagem que mostra o fluxo das informações dentro do Facebook.
E além disso, no mundo da Internet, as coisas acontecem com outra velocidade. O que hoje é o Facebook, ontem foi o Orkut e gente...tem o Google+, Pinterest, Foursquare e outras redes sociais onde há espaço pra interação. O legal é observar, pesquisar e não tentar moldar e restringir o uso. Isso seria um crime para quem pesquisa a sociabilidade nas redes sociais, pois esse tipo de intervenção limita a coleta de dados do comportamento das pessoas.
Saber quais assuntos as mobilizam é muito importante para entender o espaço simbólico na rede. A Internet é um espaço de sociabilidade como qualquer outro, como uma praça, um supermercado - onde as pessoas transitam, se encontram e se comunicam… Fazendo uma comparação bem rasa é como colocar um monde de pessoas dentro de um estádio de futebol e agrupá-las por vínculos sociais ou parentais (Ex: amizade, trabalho, família, etc.) e dar para cada uma delas um livretinho de como eles devem se comportar numa final de Copa do Mundo!
Só por curiosidade, entrei na página sobre as carreiras da equipe do Facebook e procurei, mas não achei nenhum antropólogo! Então Zuckerberg querido, já submeti meu currículo aí viu!
Hoje no meu post quero falar sobre 3 coisas: A primeira delas é que organizei minha agenda para que eu escreva todas as quartas-feiras. Então procurem dar uma passadinha aqui sempre depois de quarta que terá coisa nova. Minha idéia é que aos poucos o blog seja atualizado diariamente. O segundo assunto, é uma divulgação muito legal: acontecerá nesse ano em SP, do dia 2 a 5 de Julho, a 28ª RBA- Reunião Brasileira da Antropologia. O que estou gostando muito dessa edição é a temática: Desafios Antropológicos Contemporâneos. Terá muitos grupos de trabalhos interessantes! Confesso que ainda não decidi no que tanto conseguirei participar, mas estou com água-na-boca por vários deles. A programação aliás é bem extensa, então sugiro que vasculhem e vejam como está legal. Ah, só pra quem já está com aquela coceirinha de vontade…EU VOU!
Já que estavamos falando da RBA, vamos para o terceiro assunto do dia. Esse ano o tema da Reunião ganhou meu coração. No site, na nota de abertura do evento, a atual presidente da ABA toca num ponto muito importante: as transformações que estão ocorrendo no campo antropológico. Existem demandas do mercado de trabalho em relação a pesquisa antropológica, para isso é preciso pensar sobre os dilemas e os desafios presentes, propondo soluções.
Acho que estamos num período crucial para a Antropologia, que está cada dia ganhando mais espaço no mercado de trabalho em geral. Hoje encontramos muitos profissionais em empresas pesquisando as práticas sociais. Estou curtindo essa idéia de pensar o mundo pela ótica dessas práticas sociais… acho bem legal fazer pesquisas com um objetivo mais prático, ver a cultura materializada em costumes e hábitos de consumo… Me lembro da primeira vez que li Marcel Mauss - um autor clássico da antropologia, onde ele falava que o corpo é culturamente treinado e que ele podia distinguir uma francesa de uma inglesa pelo andar. Guardada a temporalidade de suas pesquisas eu acho isso incrível… e isso para mim é apaixonante. Entendo porque o Mauss era rodeado de alunas!
Ainda sobre esse assunto tem um caso que acho muito legal. Há 20 anos, a empresa LEGO tinha grande popularidade com as crianças, passado os anos, a vida tornou-se mais dinâmica e o interesse pelo brinquedos da LEGO foram diminuindo. Quando eles estavam na iminência da falência, decidiram trocar a gestão da área criativa. Tiveram a excelente idéia de contratar uma equipe pra pesquisar o porquê das crianças não se interessarem mais pelos brinquedos deles. Essa equipe, que era formada por antropólogos, constatou que as crianças estavam interessadas em brinquedos eletrônicos - isso há uns 10 anos. Foi quando a LEGO criou a linha Mindstorm, um case de sucesso da empresa que a levantou novamente. Hoje a LEGO continua sinônimo de inovação e continua sendo sucesso entre as crianças.
Recebi de uma amiga, que conhece do meu amor pelas cidades, um vídeo que mostra 5 lições de Copenhagen que serviria para SP ou outra cidade brasileira. Neste vídeo, um urbanista chamado Jeff Risom, fala da necessidade de seguir 5 lições para gerar mudanças no panorama urbano e assim melhorar a qualidade de vida das pessoas que vivem na cidade. O que achei interessante, ao ponto de eleger como assunto para um post, é que já de cara coloca uma questão óbvia, mas que nem sempre está tão evidente nos projetos arquitetônicos e urbanísticos: CIDADES DEVEM SER PENSADAS PARA PESSOAS e não pessoas se adaptando aos aparelhos urbanos que a cidade oferece.
Enfim, as cinco lições, resumidamente são: 1) pessoas devem estar em primeiro lugar; 2) pesquisar como as pessoas usam a cidade; 3) testar as ideias; 4) colocar projetos de maior escala em prática e 5) respeito entre as pessoas e a cidade.
O que quero chamar a atenção é que, esses assuntos já são pensados há muito tempo por antropólogos que estudam as cidades. E no quesito testar ideias há um ramo no Design - o User Experience (UX), que trabalha em conjunto com antropólogos (pesquisadores) para desenvolverem soluções para melhor atender as pessoas que usarão determinados espaços e serviços. Achei incrível que a necessidade de pensar as cidades para as pessoas esteja entrando em pauta. Esse é um assunto que gosto muito, então podem ter certeza que sempre estarei postando algo do tipo por aqui.
Abaixo o link do vídeo para se deliciarem e ficarem com uma pontinha de inveja dos cidadãos de Copenhagen:
Então pessoas decidi retomar o blog - criado há algum tempo, mas que pouco foi alimentado. Ora por falta de tempo, ora por falta de inspiração. Minha primeira ideia era postar sobre assuntos que me interessam no dia-a-dia porém com um olhar antropológico. Não sabia ao certo o que iria falar aqui, exceto que era sobre antropologia e experiências vividas de forma etnográfica. No entanto essa proposta acabou ficando muito abrangente e eu me perdi na minhas ideias.
Bom, o fato é que minha cabeça continua a trabalhar muito e tenho vontade de compartilhar coisas que leio, situações que vivo e por isso resolvi retomar o blog. Minha ideia a princípio é falar de tecnologia, consumo e comportamento, mas sei que a identidade desse blog só se formará em alguns meses... Então vamos ver no que vai dar.
Abaixo segue um vídeo resultado de uma pesquisa antropológica do Youtube. O pesquisador, Dr. Michael Wesch, fez um vídeo com as informações coletadas durante seu "trabalho de campo" - a Internet. Aqui ele mostra como o processo de informação no mundo mudou e como agora temos um acesso muito maior de que quando somente tínhamos a televisão e/ou rádio. Essa forma de fazer etnografia está se tornando comum nos dias atuais.
Mais uma vez os antropólogos reconfiguram a noção de "campo".
O termo remix surgiu nos anos 70, quando produtores e DJs descobriram que era possível mexer na música depois que ela havia sido gravada. Um conceito de certa maneira novo, a pós-produção ajudou a maturidade do rock nos anos 60, quando, liderada pelos Beatles, toda uma geração se dispôs a alterar a própria obra com efeitos, superposições e modulações que podiam mudar sutil ou completamente o que havia sido registrado em estúdio.
É com o mesmo conceito que hoje vemos o remix ser utilizado em outra mídia, a Internet.
Reinventar: essa é a palavra de ordem. Propondo a reinvenção de um produto, possibilitando a reapropriação e incorporando alternativas, a Cultura do Remix cria uma nova expressão, provocando a imaginação do espectador.
Os novos artistas da Cultura do Remix provocam a percepção humana sobre a realidade que as cerca, abrindo novos significados a aprtir de reprocessamento e releituras de sons e imagens, com suas gravações e manipulações. Dando uma nova roupagem para a já tão citada Indústria Cultural, pois agora o poder está saindo da concentração dos poucos poderosos da mídia e se diluindo na coletividade da sociedade.
Sites de vídeos como o YouTube oferecem a plataforma perfeita para pessoas criativas adicionarem suas próprias versões de clips musicais e virais da internet. De paródias a remixes de uma única canção, ou ainda uma junção de várias músicas, é fácil achar pérolas realmente inovadoras.
Então junte informação abundante, disseminação da tecnologia e um espaço "teoricamente" livre e chegamos na Cultura do Remix. Um local onde qualquer um pode criar a sua música ou seu vídeo, sem gravar ou produzir uma nota musical ou frame se quer. Apenas se apropriando de outros materiais e dando forma a um novo produto cultural.
A seguir, selecionamos dois dos melhores hits (segundo a revista PC World-EUA) dos vídeos musicais do YouTube feitos com colagens de outros vídeos.
Vídeo: ThruYou - Mother of All Funk Chords O projeto ThruYou, do produtor musical Kutiman, de Israel, captura diferentes vídeos do YouTube com pessoas cantando ou tocando algum instrumento, e os edita, colocando todos juntos para montar um funk/jazz que, inicialmente parece uma bagunça, mas se transforma em um som de alta qualidade.O “The Moher of All Funk Chords”, primeiro dos sete remixes produzidos por ele, foi visto mais de um milhão de vezes na primeira semana em que estava no site.
Vídeo: Xmas in New York city Esse vídeo misturou Frank Sinatra, AC/DC, Rolling Stones e acabou ganhando o Desafio do Vídeo Remix 2008. Os juízes consideraram que a obra “captura o espírito de anarquia, ironia e cultura pop”.
Obs: O texto acima também foi remixado de vários websites. Dá-lhe Cultura do Remix!